sábado, 29 de janeiro de 2011

2 minutos na cabeça da Lu

Fui alugar um vestido de noiva. Não, não pra mim...por que não é pra mim mesmo? Ah...deixa pra lá... Nossa, mas que fome...queria um temaki, mas tenho que economizar dinheiro. Posso convidar alguma amiga pra jantar... Porque as minhas férias são tão longas mesmo? A maioria dos meus amigos já voltou ao trabalho e estou ficando sem companhia. Hm, falando em companhia, o que está passando no cinema mesmo? Aquele filme de ontem era muito ruim! Que coisa, e eu gosto daquela atriz! Ai, fome de novo! Acho que vou comprar um guaraná, pelo menos dá uma enganada! Hm, que dia é hoje mesmo? Se der sol amanhã vou à praia! Prometo! Nem fui à praia ainda este verão! Ah, ou talvez tenha ido...nem lembro!
Hm, mas esse quarto tá uma bagunça! Eu não deveria ir à praia...deveria arrumá-lo. (Até parece - grita uma vozinha lá no fundo da sua cabeça)...talvez a consciência, sei lá...mas a consciência deveria me convencer a não ir à praia, e não me incentivar...Ah, whatever! Nossa, música desconhecida no meu Ipod... próxima...hm, não...próxima...hm, essa... essa é boa! Ainda bem que eu fiz aquela limpa! Hm, o que será que tá rolando no twitter? Olha, alguém twittou "Saia do twitter e vá ler um livro"...o que eu estou lendo mesmo? Ah, aquele livro vermelho do Mao...hm...mas nem é tão legal assim. Ai que fome! Onde eu estou com a cabeça que não comi nada ainda?"

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Lendo Woody Allen

Até então só tinha assistido a filmes de Woody Allen. Sempre muito complexos, e às vezes sem pé nem cabeça, mas com estilo. O cara nada contra a corrente dos filmes, e eu admiro isso. Para que ter começo, meio e fim? Vamos fazer um filme só com meio! Muito mais divertido e inesperado!

Voltando ao livro: "Sem plumas traz 18 textos de formatos variados - peças, ensaios, contos, argumentos e outras improbabilidades - que têm em comum a imaginação e o humor característicos de Allen" - contra-capa.

Os contos não fazem muitos sentido se analisados por parte de alguém racional como eu, mas são bastante improváveis. Vale a pena ler pelas tiradas, e pelo humor do autor, mas principalmente por que, seguindo a linha de filmes fora do padrão de Allen, o livro também é.

Para mim, umas das melhores foi: "Quando se tratava de sexo, Weinstein precisava de alguém que fosse bem diferente. Como Lu Anne, que fazia do sexo uma arte. Seu único problema é que não conseguia contar até 20 sem tirar os sapatos".

Ele a chamou de burra de uma forma tão discreta e genial que chega a ser engraçado. Na real, a Lu Anne se parece com muitas meninas que conheço...

Enfim, fica a dica!

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Os virgens

O texto foi retirado de Martha Medeiros - Non stop - Crônicas do Cotidiano. Nestas férias tenho ido à lugares diferentes, conhecido pessoas novas, e esta crônica encaixa perfeitamente no que tenho sentido.

Segue!

"Sou virgem e meu signo é leão. Sou casada e sou virgem, tenho filhos e sou virgem. Tão virgem quanto você. Quando falamos de virgindade, logo pensamos em sexo, e a partir do dia que o experimentamos, o mundo parece perder seu mistério maior. Não somos mais virgens!Que grande ilusão de maturidade.

Virgindade é um conceito um tanto mais elástico. Somos virgens antes de voltar sozinhos do colégio pela primeira vez. Somos virgens antes do primeiro gole de vinho. Somos virgens antes de ver Paris. Somos virgens antes do primeiro salário. E podemos já estar transando há anos e permanecermos virgens diante de um novo amor.

Por mais que já tenhamos amado e odiado, por mais que já tenhamos sido rejeitados, descartados, seduzidos, conquistados, não há experiência amorosa que não se repita, pois são variadas as nossas paixões e diferentes as nossas etapas, e tudo isso nos torna novatos.

As dores, também elas, nos pegam despreparados. A dor de perder um amigo não é a mesma de perder um carro num assalto, que por sua vez não é a mesma de perder a oportunidade de se declarar para alguém, que por outro lado difere da dor de perder o emprego. Somos sempre surpreendidos pelo que ainda não foi vivido.

Mesmo no sexo, somos virgens diante de um novo cheiro, de um novo beijo, de um fetiche ainda não realizado. Se ainda não usamos uma lingerie vermelha, se ainda não fizemos amor dentro do mar, se ainda cultivamos alguns tabus, que espécie de sabe-tudo somos nós?

Eu ainda sou virgem de neve, que já vi estática em cima das montanhas, mas nunca vi cair. Sou virgem do Canadá, da Turquia, da Polinésia. Sou virgem de helicóptero, Jack Daniels, revólver, análise, transa em elevador, LDS, Harley Davidson, cirurgia, rafting, show do Lenny Kravitz, siso e passeata. A virgindade existencial nos acompanha até o fim dos nossos dias, especialmente no último, pois somos todos castos frente à morte, nossa derradeira experiência inédita.

Enquanto ela não chega, é bom aproveitar cada minuto dessa inocência frente ao desconhecido, pois é uma aventura tão excitante quanto o sexo e não tem idade para acontecer."

A Lu é virgem de andar de Caiaque, de ir na Ilha do Campeche, de pular de parapente e de viajar para a Europa. E você, é virgem de quê?