domingo, 1 de novembro de 2009

Tibet - entenda a questão com a China

No século VII, o imperador tibetano adotou o budismo e traduziu a literatura budista para a língua tibetana. Construiu muitos templos imperiais e monastérios. Os budistas acreditam que o Dalai Lama é a reencarnação de Buda. No século XVII, o quinto Dalai Lama desmilitarizou totalmente o país, promovendo o desenvolvimento das instituições monásticas e ampliou a política de não-violência. Apesar disso, a história do Tibet é marcada por muitas guerras.

Em 1720, durante a dinastia Ching, a China conquistou o Tibet. Em 1912, com a queda desta dinastia, os tibetanos expulsaram as tropas oficiais chinesas da região. Porém, em 1913 na conferência realizada em Shimla, na Índia, britânicos, tibetanos e chineses decidiram dividir o Tibete: uma parte seria anexada à China e outra se manteria autônoma. Ao retornar da Índia, o 13º Dalai Lama declarou oficialmente a independência do Tibet. Porém, o acordo de Shimla nunca foi ratificado pelos chineses, que continuaram a reivindicar direito de posse sobre o território. Em 1918, as relações entre as duas nações resultaram em um conflito armado. A Rússia e a Inglaterra intervieram no conflito, porém, sem sucesso. Assim, em 1933, com a morte do décimo terceiro Dalai Lama, o Tibet enfraqueceu politicamente.

No fim da década de 40 e início da década de 50, o Tibet foi, então, integralmente ocupado pelas forças comunistas de Mao Tsé-tung, sob o pretexto de libertar o país do imperialismo inglês e reconstruir o que considerava o território histórico da China. No dia 11 de novembro de 1950, o governo tibetano manifestou-se contra a agressão chinesa, mas a assembléia geral da ONU adiou a discussão do problema. Em 17 de novembro de 1950, com apenas 16 anos de idade, o décimo quarto Dalai Lama assumiu a posição de Chefe de Estado do Tibet.

Os tibetanos freqüentemente de rebelavam contra a presença de forças chinesas em seu país. Em 10 de março de 1959, dez anos depois do início da ocupação, os tibetanos organizaram uma grande revolta contra a China. Neste levante, ocorrido na capital Lhasa, a Resistência Nacional contra a China atingiu seu auge. Porém, a reação chinesa foi violenta: o Levante Nacional Tibetano deixou um saldo de 87.000 mortos e a fuga para o exterior do Dalai Lama, seguido por 100.000 tibetanos.

A fuga de Tenzin Gyatso, o 14º Dalai Lama, para o exílio no Norte da Índia, é o motivo porque a sede do governo tibetano se localiza lá até hoje. Seu governo, praticado do exílio, não tem reconhecimento internacional, mas tem obtido algum sucesso nesse projeto. Em 1989, o Dalai-Lama conquistou o prêmio Nobel da Paz por seus esforços e aumentou a simpatia internacional e apoio financeiro á sua causa. É reconhecido mundialmente como grande defensor da paz mundial e da não-violência.

Já faz 50 anos que a China ocupa o Tibet e até hoje as Nações Unidas nunca expressaram um protesto significativo contra a situação. A China alega soberania histórica, ameaçando assim a cultura e religião dos tibetanos. Por exemplo, as mulheres tibetanas são sujeitas a esterilização e ao aborto forçado. Essa estratégia visa ao que se chama de limpeza étnica e leva os tibetanos a se tornarem minoria em seu próprio país. E quem se manifesta contra a ditadura comunista é duramente repreendido.

A importância do Tibet para os chineses está nas suas possibilidades geopolíticas e econômicas, pois está situado numa posição estratégica em caso de ataque e possui abundância de minerais e petróleo. O governo chinês sequer considera a possibilidade de conceder a independência para o Tibet. A China utiliza-se de sua força – econômica, militar e diplomática – e defende obstinadamente a tese de que o Tibet é tão chinês quanto Hong Kong, cedido à força para a Inglaterra colonialista, transformado em paraíso capitalista e devolvido para a China em 1997. Para os chineses, o Tibet sempre fará parte da Pátria Mãe.

No livro Enterro Celestial, da autora Xinran, ela trata sobre a questão do Tibet como pano de fundo da trajetória de Shu Wen, uma mulher que, em 1958 parte em busca do marido, um médico do Exército Popular de Libertação que havia desaparecido na ocupação do Tibet. Em entrevista, a autora conta sobre a sua experiência:
"A primeira vez que visitei o Tibet foi em 1984, como jornalista. Pela primeira vez na minha vida experimentei o que significava viver em silêncio. Os tibetanos que observei pareciam se comunicar basicamente através da linguagem corporal ou por acordos tácitos. A segunda foi em 1995. Eu estava interessada em conferir de perto o que tinha ouvido de Shu Wen."

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