A última vez que eu o vi foi através da lente da câmera fotográfica.
Praça da Alfândega. Estava fotografando para um trabalho de faculdade. Com o Zoom ligado brincava com as distâncias. Os pombos estavam ali, dando curtos vôos. Ao meu lado havia uma roda de pessoas,cercando um artista que contava piadas.
Comecei a focar nas pessoas que passavam. Já era fim de tarde e eu precisava de mais fotos. Troquei o ISO. Foquei uma pessoa. Foquei outra. Mudei de posição. Troquei o ISO de novo. Finalmente posicionei a câmera no rosto. Foi quando eu o vi.
Naquele momento o tempo congelou. Só ele se movia. A cena ficou preto e branco apesar de o filme ser colorido. Os pombos aquietaram-se e as pessoas pararam de circular. Acompanhei-o descendo a rua em direção ao Mercado Público e não disse uma palavra. Poderia destruir a foto.
Se naquele intervalo de poucos segundos, suficientes para eu permitir que ele fosse embora sem dar mostras de que eu estava ali, eu soubesse que aquela era a última vez que eu o veria, teria agido diferente. Mas não sabia. Restou-me apenas a lembrança do momento e a foto perfeita.
quarta-feira, 10 de março de 2010
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Esse é o início do seu livro?
ResponderExcluirAdorei! haha...
Beijo!
Tainá