terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Lendo "Um farol no pampa"

"Era um dia de inverno, pesado e úmido; estávamos todos lá, eu e meu irmão Antônio, e minha tia D. Ana, que talvez fosse a única criatura realmente viva naquela manhã cinzenta e acabrunhada - porque D. Ana tinha um sonho que crescia nas franjas de sua lagoa: o farol; e quem tem um sonho, ah, este vive, sim senhor; todo o resto não passa de retórica ou falácia religiosa, pois creio eu, después de tudo que já vi, que são os sonhos, tal alavancas invisíveis, que nos empurram para a frente, rumo à floresta de dias ainda não vividos.

Ai, com o tempo me veio esta mania de fugir do assunto, e aqui retomo minha narrativa, aqui esqueço o sonho - eu que sonhei a vida inteira,eu, aquela que adentrou a floresta e se perdeu para sempre em seu coração úmido e verde."

(Cartas de Manuela, a eterna noiva de Giuseppe Garibaldi)

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