domingo, 11 de abril de 2010

Lixo e Purpurina (continuação - por Luíza)

Esclarecimento: este post foi escrito com base no texto "lixo e purpurina", de Caio Fernando Abreu, que pode ser conferido na integra no http://semamorsoaloucura.blogspot.com/2007/07/lixo-e-purpurina.html

Dia 9-04:
Levantei-me. Olhei em volta. O cobertor roxo estava jogado ao lado da cama, cercado de garrafas de bebidas vazias. Entrava um raio de sol pela cortina entreaberta. Silêncio quase audível. Aquele silêncio insuportável no ambiente que me fazia escutar meus pensamentos. Eles pareciam longes e confusos, quase como uma rádio mal sintonizada, talvez fosse o ácido da noite anterior, talvez não, não sei. Deitei-me novamente e voltei a dormir, quase que instantaneamente.

Dia 12-04:
Quando dei-me conta, estava descendo as escadas rumo à cozinha. O chão estava gelado, e o frio subia até a minha espinha. Passei pelas velas, apagadas e meio consumidas, derretidas de uma maneira meio mórbida. Tive a sensação de que alguém tinha morrido. Na sala, Andy e Débora, deitados no sofá, meio mortos. Não os tinha visto nos últimos dias. Ah, por que eles estavam lá? Aquela visão trouxe à tona toda a tristeza que tinha sentido nos últimos dias. Vários flashs: Espanha, Viagem, Barcelona, Andy, Débora, Andy E Débora. Mãos dadas. Por que ela, justo ela? A tristeza transpassou meu coração como uma adaga afiada.

Dia 13-04:
Expulsei Andy e Débora da minha casa. Aliás, expulsei todo mundo. Preciso de sossego, e a presença deles aqui desrespeita o meu auto-respeito.

Dia 14-04:
Valentine´s day. Decidi acabar com tudo. Não suporto mais essa casa, essa cama e nem mesmo o cobertor roxo. Não aguento mais as velas que ainda continuam na escada e decido que não irei permanecer nem um segundo a mais nesta vida. Saio e tranco a porta. Ando um pouco e decido parar. Para onde estava indo mesmo? Respiro fundo e me vejo no meio da rua. Um carro se aproxima e não quero me mexer. Ele buzina, desvia e para ao meu lado. Abre o vidro e pergunta algo que para mim não faz o menor sentido. De repente caio em mim e vejo que é um Táxi. Mudança súbita de planos. Abro a porta do carro, entro e digo:
-" Aeroporto, por favor"

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